20.2.13

Eu tava escrevendo quando eles me vieram falar.

Distraída pelas ruas de sempre, o vi. Preferia nunca ter olhado pro lado, não era nem pra eu ter notado. Ele quis falar mas voltei a olhar pra frente como se nem tivesse visto, como se nunca tivesse feito parte da minha vida, e pra ser sincera, até hoje desejo que tivesse sido assim.

Tínhamos amigos em comum e eles me diziam que ele era legal,  engraçado, causava boas gargalhadas. Uhum, se você diz. Tá bom, eu deveria dar uma chance, né? Todo mundo merece um chance.

Me parecia que todo mundo que eu gostava queria tê-lo por perto, mas eu sabia que ele era cheio de veneno. Ainda é, é como se eu pudesse escorregar no rastro quando ele passa pelo corredor. Enfim, eu  tinha dezesseis e ele me fez chorar.

Aí me dizem que odiar alguém é dar atenção demais. Que a onda mesmo é ignorar, não dá importância nenhuma. Nessas horas em que tô andando pela rua, olho pro lado e me pergunto a razão daquela pessoa ainda existir, me faz lembrar o quão eu sou rancorosa. E olhe que me esqueço que odeio as pessoas muito facilmente. Se eu não tenho razão pra sentir raiva, sorrirei por gentileza, se não for muita forçação de barra (por mais que quase sempre seja). Mas eu honestamente o odeio. Nem disfarço, como por vezes já tentei.

Pra contextualizar e não dizerem que vivo de parágrafos que nada dizem, foi o seguinte: Uma turminha de amigos e eu comecei a curtir exageradamente um deles. Eu lembro que doía um bocadinho, ter dezesseis anos não é moleza. Eu era muito amiga de dois ou três do grupinho, nenhum deles sendo o moreno dos meus olhos. Eu tava perto deles, de boa, indo nas ondas charlantes da vida. Até que a cobra fez um comentário, que pra ser honesta, nem lembro como foi colocado, mas eu lembro que me senti me afogando numa pilha de bosta. E todo mundo sabia dos meus sentimentos juvenis. E todo mundo olhou pra mim.

Só que meninos de quinze anos se distraem fácil, então mudaram de assunto rapidamente. Eu me afastei do grupo e chamei o menino de quem era mais amiga, ele me perguntou o que aconteceu. E eu tentei explicar, até começar a gaguejar e começou a escorrer dos meus olhos o veneno que a cobra tinha cuspido na minha cara. Se alguém viu, fingiu que não, o que eu preferi. Eu recebi meu abraço de consolo, deixei o recinto e nunca mais falei sobre o assunto.

Ele vale muito pouco pra receber um escrito sobre tamanha é minha vontade de cuspir na sua cara feat. eu espero que você broxe enquanto tiver tendo relações sexuais. com caras. sendo passivo. Mas de toda forma o fiz, tô querendo superar ou algo do tipo.

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